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Pelé tinha razão |
Quando em 1969 Pelé falou que o
brasileiro não sabia votar os patrulheiros ideológicos caíram de pau nele, só
que estava falando a verdade, é só olhar a qualidade dos políticos e quantidade
de escândalos envolvendo todas as casas legislativas do país, que já, naquela
época, eram fartos.
Mas era regime militar e Pelé não fazia
o modelito contestador, padrão Black Power dos Panteras Negras americanos e a esquerda não
perdoava isto. Então quando falou que o proletariado não sabia votar, ele bateu
de frente contra os ideólogos da ditadura do povo. Daí em diante foi
esconjurado pelos intelectuais e parte da mídia.
Hoje o país conta com 20 milhões de
analfabetos ou que sabem apenas assinar o nome, além daqueles que contam apenas
com primeiro grau, mas sem a necessária instrução ou nível de informação para avaliar,
selecionar e votar de forma consciente num candidato e o resultado não podia
ser outro: eleição de milhares de parlamentares com baixo nível de competência para
exercer função, sem contar que muitos ainda respondem processos na justiça. A Constituição de
1988 manteve inelegíveis os analfabetos,
mas assegurou a eles direito ao voto em caráter facultativo, o que
significa que não são obrigados a votar. Porque a complacência? Será porque
considera a possibilidade que o analfabeto poderá sentir dificuldade em
processar politicamente em quem deve votar? Se isto for procedente, não seria ele
uma presa fácil de ser manipulada por candidatos despreparados ou mal
intencionados? A eleição destes candidatos irá contribuir para a melhoria da
condição de vida do analfabeto e o aperfeiçoamento do processo democrático?
Para aqueles que acham que não se deve
alijar o analfabeto do processo eleitoral, coloca-se a seguinte questão: se a sua empresa necessitasse admitir funcionários qualificados, você colocaria
na área de recursos humanos, que é aquela que avalia, seleciona e admite os
pretendentes, profissionais sem o devido preparo funcional, deixaria qualquer um
fazer a seleção e contratar para você?
Ah, mas uma empresa é diferente de um município/estado/país,
dirá. Do ponto de vista institucional sim, da gestão não, é igualzinho. Ah, mas
não é democrático. E quem disse que avaliar e escolher mal faz bem para a
democracia e irá ajudar a população, na verdade a má escolha prejudica mais
quem é pobre do que quem é rico, este pode até se beneficiar com o baixo nível
dos parlamentares. Ah, mas o teu conceito do que é bom candidato é diferente de
alguém que comungue, por exemplo, pela cartilha do PCB. Certamente, mas quem disse que um bom
parlamentar tem que pensar ideologicamente como eu, suas posições podem ser totalmente
diferentes das que julgo mais adequadas, mas os objetivos serão quase todos os
mesmos, o caminho para se atingir, talvez um pouco diferentes.
Escolhendo políticos mais capazes
estará se ajudando de forma mais efetiva que pessoas excluídas deixem de sê-la, já a eleição de parlamentares sem preparo ou incompetentes, fará com que o processo de inclusão seja tortuoso e lento, ou, pior, nunca se efetue, pois muitos políticos não tem
interesse na melhoria da educação da população.
Quanto mais políticos capacitados
participando do legislativo e executivo, mais rápido será o
processo de redução das desigualdades e inclusão social, o que faz que, a médio
prazo, não haverá mais necessidade da sociedade subsidiar bolsas sociais para a
população excluída. Evidente que legislador bem capacitado não é sinônimo de
ética ou honestidade, mas é um problema a menos.
Evidentemente não me cabe, nem tenho
competência, para apresentar proposta para a criação de critérios para definir
quem estaria apto a votar, só apontar que do jeito que está fica difícil sair
do círculo vicioso que começa com a eleição de maus políticos, que apresentam projetos
de leis irrelevantes, que são cooptados pelo chefe do executivo, que deixam de
fiscalizar o governo, o nível social e educacional do eleitor não melhora, que vai para
a eleição seguinte e elege, mais uma vez, políticos despreparados ou descompromissados
com os reais interesses sociais da população.
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