segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O Negão Tinha Razão

Pelé tinha razão
Quando em 1969  Pelé falou que o brasileiro não sabia votar os patrulheiros ideológicos caíram de pau nele, só que estava falando a verdade, é só olhar a qualidade dos políticos e quantidade de escândalos envolvendo todas as casas legislativas do país, que já, naquela época, eram fartos.  

Mas era regime militar e Pelé não fazia o modelito contestador, padrão Black Power dos  Panteras Negras americanos e a esquerda não perdoava isto. Então quando falou que o proletariado não sabia votar, ele bateu de frente contra os ideólogos da ditadura do povo. Daí em diante foi esconjurado pelos intelectuais e parte da mídia.

Hoje o país conta com 20 milhões de analfabetos ou que sabem apenas assinar o nome, além daqueles que contam apenas com primeiro grau, mas sem a necessária instrução ou nível de informação para avaliar, selecionar e votar de forma consciente num candidato e o resultado não podia ser outro: eleição de milhares de parlamentares com baixo nível de competência para exercer função, sem contar que muitos ainda respondem processos na justiça.A Constituição de 1988 manteve inelegíveis os analfabetos,  mas assegurou a eles direito ao voto em caráter facultativo, o que significa que não são obrigados a votar. Porque a complacência? Será porque considera a possibilidade que o analfabeto poderá sentir dificuldade em processar politicamente em quem deve votar? Se isto for procedente, não seria ele uma presa fácil de ser manipulada por candidatos despreparados ou mal intencionados? A eleição destes candidatos irá contribuir para a melhoria da condição de vida do analfabeto e o aperfeiçoamento do processo democrático?

Para aqueles que acham que não se deve alijar o analfabeto do processo eleitoral, coloca-se a seguinte questão: se a sua empresa necessitasse admitir funcionários qualificados, você colocaria na área de recursos humanos, que é aquela que avalia, seleciona e admite os pretendentes, profissionais sem o devido preparo funcional, deixaria qualquer um fazer a seleção e contratar para você?

Ah, mas uma empresa é diferente de um município/estado/país, dirá. Do ponto de vista institucional sim, da gestão não, é igualzinho. Ah, mas não é democrático. E quem disse que avaliar e escolher mal faz bem para a democracia e irá ajudar a população, na verdade a má escolha prejudica mais quem é pobre do que quem é rico, este pode até se beneficiar com o baixo nível dos parlamentares. Ah, mas o teu conceito do que é bom candidato é diferente de alguém que comungue, por exemplo, pela cartilha do PCB. Certamente, mas quem disse que um bom parlamentar tem que pensar ideologicamente como eu, suas posições podem ser totalmente diferentes das que julgo mais adequadas, mas os objetivos serão quase todos os mesmos, o caminho para se atingir, talvez um pouco diferentes.

Escolhendo políticos mais capazes estará se ajudando de forma mais efetiva que pessoas excluídas deixem de sê-la, já a eleição de parlamentares sem preparo ou incompetentes, fará com que o processo de inclusão seja tortuoso e lento, ou, pior, nunca se efetue,  pois muitos políticos não tem interesse na melhoria da educação da população.

Quanto mais políticos capacitados participando do  legislativo e executivo, mais rápido será o processo de redução das desigualdades e inclusão social, o que faz que, a médio prazo, não haverá mais necessidade da sociedade subsidiar bolsas sociais para a população excluída. Evidente que legislador bem capacitado não é sinônimo de ética ou honestidade, mas é um problema a menos.

Evidentemente não me cabe, nem tenho competência, para apresentar proposta para a criação de critérios para definir quem estaria apto a votar, só apontar que do jeito que está fica difícil sair do círculo vicioso que começa com a eleição de maus políticos, que apresentam projetos de leis irrelevantes, que são cooptados pelo chefe do executivo, que deixam de fiscalizar o governo, o nível social e educacional do eleitor não melhora, que vai para a eleição seguinte e elege, mais uma vez, políticos despreparados ou descompromissados com os reais interesses sociais da população.

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