segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Vida Louca, Novela é Vida

GLBT é passado, o futuro é dos poliamorosos
Hoje em dia quando um ator ou atriz é convidado para trabalhar numa novela fica apreensivo com o perfil do personagem que lhe será oferecido. A pior coisa que pode acontecer é ter que interpretar um personagem de boa índole e, pior ainda, heterosexual, mesmo que o papel seja de “mocinho” ou “mocinha” da novela (para os mais novos: mocinho é o herói bem comportado e personagem principal), o que só faz piorar a situação, o público não quer mais saber de herói careta. 

Diante de tamanha desgraça três possibilidades passam pela sua mente: não aceitar, aceitar ou cortar os pulsos. Só os atores mais conceituados tem condição de partir para a primeira hipótese, aos mais novos só restam às outras duas. Mas a maioria, conceituado ou não, quer mesmo é interpretar o papel de desajustado, a canalhice está em alta, e se ele for gay, melhor ainda (atenção patrulha: não se faz  correlação entre canalha e gay).

Cada vez mais raro nas novelas, os casais dos gêneros macho e fêmea estão em baixa no mercado, não empolgam mais. Esta conclusão se baseia no atual perfil das novelas em que os personagens mais comentados, amados ou odiados (ódio também é bom, dá audiência), ou são canalhas, ou são gays e, como se sabe, os autores escrevem de olho no que o público quer. 

Prova disso é o casal formado por Fernanda Montenegro e Nathália Timberg na nova novela que será lançada, nada contra, mas apenas um registro dos novos tempos. Possivelmente será o primeiro casal gay da terceira idade da TV brasileira. Da mesma forma o ator José Mayer, famoso por comer todas nas novelas, mudou para se manter up the date, agora interpreta um gay enrustido e que é casado. Par romântico com mulher é coisa do passado, vade retro, possivelmente não quer isto nunca mais, pois sabe que este é o primeiro passo para o ostracismo.    

De acordo com o Facebook existem cinquenta gêneros sexuais, além de homem e mulher, gay, lésbicas e travestis, meu repertório só chega a isso, como transgênero, cisgênero, gênero fluído, intersexual, transmulher e transfeminina, e por aí afora, que poderão serem utilizados quando os personagens gays ou travestis ficarem muito repetitivos e começar a cansar o público, da mesma forma que acontece hoje com os homens e mulheres.

Segundo os sociólogos, o público torce para o canalha, que só é assim, porque foi rejeitado pela sociedade, pela sua mãe que traia o pai com  irmão dele, também pelo pai drogado, na sua época de coroinha da igreja foi vítima de crime de pedofilia praticado pelo padre, que, por sua vez, também foi rejeitado pela família e vítima de abuso sexual do padastro, que por sua vez......, a imaginação dos autores não tem limites.

Os antigos mocinhos padrão Tarcísio Meira e Francisco Cuoco, estão totalmente out, hoje herói bom é herói canalha ou gay/lésbica, se for os dois melhor ainda -  não gay/lésbica-, isto não existe ainda no Facebook, e sim canalha e gay. Já mocinha boazinha e hétero, coitada, é olhada com indiferença e desdém pelo público, que quer uma mulher má e sem caráter, mas, como ela é bipolar, de vez em quando a pomba irá girar pros lados dela. A raiva contra o personagem vai sendo substituída por simpatia, depois amor após se descobrir um segredo, que não sei qual é.  

Devido à ameaça dos atores de fazer greve se não conseguirem papéis de pessoas que, no século XX eram vistos de forma crítica e condenável, mas que hoje dá grande IBOPE e prestígio, os autores das novelas, diante da procura maior que a oferta de papéis de personagens de mau caráter ou gêneros diferenciados, foram obrigados a tomar uma decisão radical, mas em se tratando de novelas tudo é verossímil: quem é bonzinho no começo da novela, terminará como canalha, podendo, eventualmente, se redimir no último capítulo e terminar como herói ou heroína sem mácula, e quem começar como canalha terá seus surtos de bondades e, se não morrer antes do final, voltará ao estágio inicial, ou não, sei lá. Quanto mais confusa e surreal, melhor, o público não tá nem aí, quer drama, sadismo, masoquismo, sexo e traição, o que sobrar é sacanagem.

Já quem começar gay ou lésbica irá terminar como tal, o Sindicato dos Atores entrou com uma medida cautelar na justiça solicitando que fosse proibido nas novelas que os gays terminem como macho, o inverso pode, pois as novelas tem que ter um mínimo de consonância com a vida real. Não duvido nada se um dia aparecer numa novela uma cena onde um Pastor fala possesso diante de um público hétero querendo converte-los para homossexuais, sob a alegação que  estão tomados por um diabo macho. Falei que não se deve duvidar da imaginação dos autores.

Quantos aos núcleos das novelas haverá, como de costume, o pobre, o rico e o intelectual. Para abrir vagas e atender a sede sádica e da diversificação sexual exigida pelos telespectadores, em todos os núcleos a maioria dos personagens serão malévolos, detestáveis sem nenhum caráter e, igualmente, de gêneros sexuais diferenciados. As cenas dos gays intelectualizados serão ambientadas em CCBB, galerias de arte, na Farme, Copacabana Palace e resorts de Santorini e Ibiza. As locações das cenas dos homos pobres, conhecidos por bichinha, gay é coisa de rico, serão realizadas na praia de Ramos e nas saunas da Zona da Leopoldina. Um bloco de Carnaval, vai bem neste núcleo, talvez o "Só o Cume Interessa". 

Novela boa tem que ter muito sexo e, também, prostitutas, ou seja, mais sexo. As locações das meninas do núcleo rico, conhecidas como escorts, serão feitas no Leblon, nas boates da Zona Sul e nas ilhas de Angra, as cenas das meninas pobres, conhecidas como putas, serão ambientadas na Vila Mimosa, na Lapa e na Ilha do Governador. 

Para felicidade do público, antes de voltar ao gênero careta homem x mulher os autores tem pela frente os lesboflexível, pansexual, transhomem, queer, poliamoroso, etc...Portanto não se preocupe, os folhetins do jeito que você gosta tem vida longa, a loucura surreal está garantida pelos próximos trinta anos, após isto haverá um revival e os casais héteros voltarão a moda, isto se até lá a espécie não tiver sumido do mapa. 

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