domingo, 28 de junho de 2015

Prêmio Algema de Ouro Francisco Targini

Aberta a votação para escolher
quem merece Algema
O Prêmio Algema de Ouro Francisco Targini foi criado para distinguir pessoas ou empresas que mais se destacaram no Brasil na área da corruptela. O nome dado - Francisco Targini, é uma homenagem a um cidadão português, descendente de italiano, que veio jovem para o Brasil no começo do século XIX, tendo sido nomeado arrecadador de imposto do Ceará, posteriormente foi promovido a tesoureiro-mor de D. João VI, ampliando de forma heterodoxa o seu patrimônio e poder, o que fez com que recebesse o título de Barão e, depois, Visconde de São Lourenço. 

Umas das estórias a seu respeito refere-se à compra de mantas para o exército que fizera a um fornecedor inglês. O hábil homem público teria mandado dividir cada uma das peças ao meio, revendendo-as (possivelmente através de uma empresa de fachada) depois ao governo pelo dobro do preço original, um ganho de 100% e não desprezíveis 3%.

A sua prática corrupta era amplamente conhecida no Brasil Colônia e no império, o povo recitava versos como “Quem furta pouco é ladrão,/ quem furta muito é barão,/ quem mais furta e mais esconde/ passa de barão a visconde” e “Furta Azevedo no Paço/ Targini rouba no Erário/ E o povo aflito carrega/ Pesada cruz ao Calvário. Assim, dada a sua qualificação e  folha corrida, pode ser considerado, com toda justiça, o patrono dos corruptos brasileiros.

Ele foi duramente combatido pelo jornal Correio Brasiliense que denunciava as suspeitas de corrupção e o seu súbito enriquecimento. Nome do proprietário do informativo: Hipólito da Costa Furtado.

O Prêmio irá homenagear pessoas e empresas que mais se destacaram na área da corrupção e, também, mostrar para a população aspectos da atividade que poucos conhecem, como as condições adversas e o destemor do corrupto para realizar o seu trabalho, que a atividade exige alta dose de sacrifico e criatividade, dada a burocracia estatal e centenas de leis descabidas, bem como a existência de vários órgãos de controle que dificultam a viabilização da operação, o que contribui para aumentar o custo Brasil, sem contar o olho grande do vizinho depois do operador vender o seu Ford Focus e comprar um Porsche zero quilômetro.

Se não bastasse, são obrigados a matar um leão do imposto de renda por dia, se pego em flagrante, tem que justificar para o Ministério Público que mataram o leão em legítima defesa, e isto é cansativo, mina as forças. Poucos sabem que o corrupto é caseiro, só continua na profissão por causa dos filhos e, também, por ideal, que é ficar milionário e deixar para a família um grande patrimônio no Brasil e exterior.

É tanta dificuldade e incompreensão por parte da imprensa e  invejosos, estes só são honestos por falta de oportunidade ou competência, que muitos só continuam corrompendo devido ao animal empreendedor que existe dentro deles e, também, porque não sabem fazer outra coisa na vida.  Às vezes pensam em jogar a toalha e atuar honestamente, só não fazem isto porque não contam com expertise nesta área, iriam fracassar, o que contribuiria para aumentar o desemprego no Brasil e como têm responsabilidade social, não podem ser honestos. A alternativa seria se aposentar, mas corrupto é igual prostituta, não consegue parar, no máximo tira férias nas Ilhas Cayman, Suíça ou Miami. 

Assim, no intuito de homenagear e mostrar o lado patriota da classe, a ABC - Academia Brasileira dos Corruptos lança o Prêmio Algema de Ouro Francisco Targini destinado a premiar os profissionais e as empresas que mais se destacaram, nas seguintes categorias:
1-    Empresa Privada
2-    Empresa Estatal
3-    Empresa de Consultoria
4-    Operadores ( doleiro e tráfico de influência)
5-    Poder Legislativo- Deputado, Senador e Vereador
6-    Poder Judiciário- Juízes e Desembargadores
7-    Governador e Ministro
8-    Personalidade Top Top do Ano (escolhido pelos selecionados)

Você que é profissional da área ou utiliza os serviços públicos de saúde, educação e os transportes públicos, participe, mande para a redação deste Blog o nome da empresa e profissional que você acha que merece ganhar Algema este ano nas atividades acima relacionadas, mas atenção, só pode votar em uma única empresa ou pessoa por categoria, sabemos que é difícil, dada a profusão de candidatos, a regra é inflexível mas, dependendo da conversa, dá para contornar.  

Realização: ABC- Associação Brasileira dos Corruptos 
Patrocínio- Clube dos Empreiteiros; Associação das Empresas da Área de Saúde, Sindicato das Empresas de Coleta de Lixo
Apoio: Petrobras, DNIT, Valec, Furnas, Eletrobras, Fundos de Pensão e PT
Promoção e Divulgação: Blog Reflexões Baratas 
Consultoria Técnica: Barusco, Maluf, Dirceu e Amigo Paulinho

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Carta Para o "Seu" Joaquim

Estas são as únicas damas que meus
amigos aposentados conseguem encarar
Prezado Joaquim,

Tenho 85 anos de idade e me aposentei do trabalho, mas não da vida, tento continuar na ativa. Depois de ver meus exames, o meu médico disse que a bola seis já foi para a caçapa e que estou pela bola sete, não entendo nada de sinuca, mas desconfio que deve ser coisa boa, pois meu número de sorte é sete.

Tomo a liberdade de mandar através do Blog Reflexões Baratas esta carta para o senhor para dizer que pode contar com o meu apoio para tirar o país do lodaçal em que se encontra, pois nós, aposentados irresponsáveis, temos parcela de culpa com a péssima situação econômica vivenciada pela nação, e eu não me sinto bem com isso.

Meus amigos inativos reclamam de barriga cheia, na verdade isto é uma licença poética, porque o valor da aposentadoria não tá dando para encher a barriga, pois, como o senhor sabe, nos últimos 23 anos houve uma perda de 83% na correção das aposentadorias superior a um salário mínimo. Por outro lado o Sindifisco informa que é de 64,28% a defasagem da correção da tabela do imposto de renda pessoa física ocorrida nos últimos vinte anos. Ou seja, o nosso poder de compra caiu e, em contrapartida, pagamos mais imposto de renda do que no passado.

Mas, quer saber o que acho? Na minha opinião estamos fazendo pouco, devemos colaborar e se sacrificar mais e parar de reclamar, não existe mais cidadania, os velhinhos só pensam em comer, fazer exames em jejum para depois tomar café de graça e comprar remédios, êta classe perdulária.

A sua chefa, Dona Dilma, pediu pra gente consumir mais para esquentar a economia. Eu bem que gostaria, mas fala pra ela que terá que esperar uns quatro anos, tempo que necessito para pagar o empréstimo consignado e o cartão de crédito, ambos renegociados, e o agiota, com ele não teve perdão, pois estou superendividado, fiz estripulias, passei férias em Lambari, comprei um pacote para Maceió, troquei meu fusca por um carro zero, um ponto zero, comprei um apartamento em construção aqui perto de casa, no Engenho de Dentro, dei para minha neta um celular novo cheio de coisas que não entendo e uma TV enorme para a patroa.

Meus amigos da praça onde jogo dama não conseguem entender porque o valor da aposentadoria deles é bem inferior a percebida pelos juízes, deputados e, igualmente, porque, quando estavam na ativa, não receberam as mesmas vantagens dada a eles. Tem um lá que é economista inativo e deprimido ativo, trabalhou 40 anos se aposentou pelo INSS com 67 anos e ganha R$4.663,00, enquanto isto tem juiz que foi aposentado por corrupção aos 53 anos leva para casa todo mês mais de R$28 mil. Eu acho isto normal, afinal estamos no país do futuro que não aprende com o passado, mas é difícil fazê-lo entender isto, cada dia que passa fica mais deprê. 

Pacientemente tento explicar que todas as mordomias e vantagens concedidas eram legítimas, mas eles custam a entender que o Brasil é a pátria da imoralidade legal, e, por isso, não há do que reclamar, tudo tá dentro dos conformes. Adicionalmente, toda sociedade desenvolvida tem que ter uma elite, caso dos parlamentares, governantes e juízes do Supremo, Superior e "Inferior" (primeira instância), burguesia e povo, e povo que se preza tem que ser explorado, se não for, passa faz upgrade para a outra categoria, só que não pode existir um país ou espaço sem povão, isto só acontece no Country Club, seria um absurdo, então mostro a importância cidadã de cada um deles para a formação da pátria, e que deveriam ficar muito orgulhosos com isto.

Ademais, desconhecem que os deputados para legislar de forma serena precisam de tranquilidade e os altos salários e mordomias que recebem tem esta função redentora, o mesmo sucede com os juízes que precisam da mesma matéria prima para poder julgar de forma justa, não deixar que iniquidades, como as concedidas a eles, sejam estendidas para o povo, se isto acontecer vira um caos, e os magistrados são contra a perturbação da ordem pública e a concessão de vantagens para quem não merece ou quando não tem lei que garanta o jabá.
  
Finalizando, gostaria, se não for indiscrição, que me saciasse uma curiosidade, o seu nome Joaquim é português, mas torce pelo Botafogo e não Vasco da Gama, o sobrenome é de origem judaica, Levy, mas, aparentemente, não é judeu e pratica política monetária heterodoxa num governo que quer distância disto. Se não for desrespeitoso, desconfio que o senhor personifica aquele  personagem Chacriniano que dizia que não veio para explicar, e sim para confundir, e, igualmente, acho que bateu um Raul Seixas no PT do "Seu" Lula, ele hoje não passa da velha metamorfose ambulante que está desdizendo aquilo tudo que disse antes (o senhor pode escolher quem é o sujeito da frase, o PT, o Lula ou ambos)

Voltando a sua particular e inusitada situação pessoal: ela lhe confere o risco de se constituir no sincretismo dos personagens típicos das piadas no Brasil: o português, o judeu, o economista e a segunda divisão (Botafogo), tudo isto salpicado pelo ajuste fiscal, que entra na cota do humor negro.

Se encontrar a Dilma, manda um abraço para ela e diz que quando for andar de bicicleta para levar todos os ministros e assessores, acredito que a acefalia pode ajudar a tirar o Brasil da crise, por isso sugiro que todo o ministério faça o Tour de France, que, de quebra, ajuda a matar as saudades das pedaladas. 

Saúde e força para o senhor conseguir encarar o Renan, Cunha, PT, empresários, base aliada, oposição, sindicatos, Movimento LGBT, os grêmios estudantis, donos de creches, enfim, todo o país, e saudações para a sua patroa e seus filhos, são os meus votos e dos aposentados aqui da Praça do Jardim do Méier. 


PS- Continue a trabalhar em prol do Parque do Aterro do Flamengo, o lugar é lindo, mas anda um pouco maltratado.  

domingo, 21 de junho de 2015

Confissões de Um Defunto

Velório Virou Happening
Morri antes da hora, justamente quando estava me inspirando para escrever uma crônica favorável ao governo Dilma, precisava só de mais um dia, mas o pessoal lá em cima não deu prorrogação, acabou o jogo no tempo regulamentar. 

Pensando bem foi melhor ter desencarnado - a garotada não usa o termo desencarnar, e sim fazer upload - antes de escrever a crônica, assim não corro o risco dos amigos encarnarem em mim achando que pirei ou que estou levando algum da Odebrecht para elogiar o governo. Nem uma coisa, nem outra, a verdade é que comecei a simpatizar com a presidenta depois que ela passou a andar de bicicleta e como gosto de magrela, no caso a bike e não ela que está magrinha e, também, porque torço para que o Brasil dê certo.

O que uma coisa tem haver com outra? Simples, enquanto ela tá na rua pedalando não está governando, as pedaladas são físicas e não fiscais, e isto é bom para o país, para a forma física dela e, adicionalmente, ajuda a sua impopularidade se estabilizar dez centímetros antes de chegar ao fundo do poço. No mais, o fato surreal de eu ter tido que desencarnar para evitar ser encarnado.

Agora estou aqui deitado neste caixão com um monte de gente em volta que não via há muito tempo, algumas até achava que já tinha morrido, e outras nem lembro mais. Fui antes deles, é verdade, mas pelo visual de alguns que circulam sorridentes, não demora muito terei companhia. E o que dizer do exagero das coroas de flores em cima de mim, logo eu que tenho alergia a pólen, ainda bem que morri, se não estaria espirrando sem parar, o que mostra que morrer tem suas compensações.

Alias velório é tudo igual, enquanto tem meia dúzia de pessoas paira uma certa  solenidade, todos com caras tristes e pesarosos, à medida que vai enchendo vira reunião social, o cidadão que tá ali deitado deixa de ser defunto e vira anfitrião, as pessoas chegam olham rapidamente para ele com semblante compungido, balbuciam qualquer coisa, que tanto pode ser gente boa, como canalha, dão meia volta e vão para o que interessa, fazer social.

Na verdade o velório virou um dia de congraçamento, bem melhor que casamentos em que as pessoas prestigiam com a certeza que daqui a pouco vai acabar e terão que voltar de novo para se solidarizar com a repetição do erro dele ou dela, mas velório não, a morte é para sempre, o cidadão que está ali deitado inerte não vai sacanear os presentes, todos tem certeza que ele não irá reviver e morrer de novo. Aqueles que vieram participar, ou melhor, comemorar o velório, aproveitam para atualizar o papo, marcar programa, fazer negócios, azarar, enfim, uma grande festa e eu aqui imóvel, sem poder dar meus pitacos. Repasso alguns fragmentos das conversas que consegui ouvir que rolou na minha festa de despedida: Malbec melhor custo benefício, Lidador, Estação Botafogo neste fim de semana; impeachment da Dilma, Neymar, Flamengo... (inaudível) compras, Miami, High Line, Capadócia, botox, silicone, surreal, perua, vou embora do país, vamos dar um pulo no me apartamento depois do enterro...

Fiquei surpreso de ver o Cadú no velório, nos últimos meses fugia de mim como a Dilma das manifestações públicas, me devia uma grana preta, agora o filho da puta está na minha frente me olhando com ar de pesar, mas, no fundo, deve estar feliz e aliviado.

Nunca esquentei muito a cabeça se existe reencarnação, e ainda não posso dar a resposta a isso porque estou a caminho, não cheguei lá em cima. Meu medo e ela existir e eu voltar em forma de lesma ou mosquito da dengue, o que significa que serei perseguido por todos ou, pior ainda, poderei voltar em forma de político, que no Brasil é o rejeitado alfa, tá no topo da pirâmide, acima do mosquito da dengue, que só existe porque o rejeitado alfa desvia dinheiro do saneamento.

Alias, quem foi o infeliz que teve a ideia de colocar este terno jaquetão tecido xadrez old fashion em mim, fiquei meio ridículo, só faltou besuntar meu cabelo com brilhantina. Podia ter botado algo mais descontraído, condizente com o clima alegre das pessoas que estão no velório, um traje casual ou, para radicalizar, uma roupa de mergulho, incluindo máscara e snorkel. Sabe como é, a última imagem é a que fica, e como as anteriores no plano terreno não foram muito boas, podiam ter caprichado no último visual consultando um personal stylist de velórios. Só espero que ninguém tenha a infeliz ideia de fazer um selfie comigo


terça-feira, 16 de junho de 2015

Está com Pressa? Vá de Internet

Retrato do cotidiano dos grandes centros
Os investimentos feitos pelos governos em transporte de massa e ampliação do sistema viário tem se mostrado muito aquém do necessário para melhorar a mobilidade urbana nos grandes centros, que a cada dia que passa, só faz piorar devido a expansão da frota de transporte individual e geradora de problemas coletivos - os carros. Embora hajam obras de ampliação das vias, a sensação é de que o governo não faz nada para melhorar a situação, tempo de deslocamento aumenta e, junto com ele, a emissão de carbono proveniente dos combustíveis queimados pelos veículos.

A velocidade dos veículos nas Linhas Vermelha ou Amarela na hora do engarrafamento é, muitas vezes, 4km/h. Uma pessoa de meia idade que pratica atividade com alguma regularidade corre 10Km/h e um maratonista de ponta, 20Km/h.

Entretanto, paulatinamente vem aumentando a importância de um novo “modal de transporte”, conhecido pelo nome de infovia que propicia que se trafegue num velocidade igual a da Linha Vermelha na hora do rush- quatro, só que a unidade de medida não é Km/h e sim G, velocidade 4G, antecedendo a moderna freeway que possibilitará se trafegar na supersônica velocidade 5G, que deverá estar disponível em dois anos. A construção de infovias não exige desapropriações, não demandam desapropriações, demolições de prédios tombados, não necessita de complexas e demoradas licenças ambientais e urbanísticas, nem atravessa áreas indígenas.

Nesta altura deve estar achando que estou delirando, mas não, o raciocínio é bem simples. As compras feitas pela internet passaram de R$500 milhões em 2001 para R$14,8 bilhões em 2010 e R$35,8 bilhões em 2014. Considerando-se a taxa de crescimento anual verificada no período 2010/2014 -24,71%, em 2024 o comércio eletrônico deverá movimentar R$325 bilhões no país.

Por outro lado o número de pessoas que faz compras pela internet passou de 1,1 milhões em 2001 para 60 milhões em 2014. Entre 2010 e 2014 houve um incremento de 160% no número de consumidores virtuais. Numa hipótese conservadora, estima-se que em 2024 teremos no país 130 milhões de pessoas fazendo regularmente compras pela internet. Hoje a China conta com 461 milhões de internautas comprando on line.

Como na China a onda do comércio eletrônico está mais adiantada que no Brasil, é interessante considerar os impactos verificados no mercado chinês. Vejamos o caso da Unilever, depois de desfrutar quase 30 anos de crescimento estável em seus negócios na China, viu suas vendas no país despencarem em 2014, pois o consumidor chinês estava migrando para às compras on line. A empresa não foi a única a superestimar a importância das lojas físicas, a suíça Nestlé informou recentemente ao The Wall Street Journal que não percebeu a rapidez e a amplitude da mudança no comércio na China. A Colgate-Palmolive e a Beiersdorf  que fabrica os produtos para a Nívea, também já citaram problemas com excesso de estoque devido à redução das vendas físicas.

O êxodo dos consumidores para o comércio virtual tem afetado os negócios de varejistas tradicionais no mundo todo, com o comércio eletrônico mundial superando US$ 1,3 trilhão em 2014. Na China a transição para as compras on-line aconteceu com maior força, em parte por causa da rápida penetração dos smartphones, o que vem também acontecendo no Brasil.

Apenas 2% das compras  feitas em 2014 foram realizadas por pessoas acima de 64 anos, 16% tinham entre 50 e 64 anos e 82% abaixo de 49 anos. No futuro o percentual daqueles com mais de 50 anos que irá fazer compras pela rede digital deverá aumentar substancialmente, pois são pessoas cuja idade se situa hoje entre 35 e 45 anos e altamente conectados com a internet. Desnecessário dizer que os adolescentes serão no futuro consumidores compulsivos das compras on line. 

Caso não existisse internet e muito menos a possibilidade de se adquirir os produtos pela rede digital, 60 milhões de pessoas teriam saído de casas em 2014, muitas diversas vezes, para fazer compras. Nem sempre elas têm um centro comercial próximo que possibilite ir a pé para pesquisar os modelos e preços do produto que deseja adquirir, o que significa que será obrigada a se deslocar. Nesta hipótese, ou utiliza o seu carro ou táxi, ou se utiliza um dos modais de transporte de massa. No primeiro caso teremos mais um veículo circulando e contribuindo para engarrafar ainda mais o congestionado trânsito, e, no segundo, irá aumentar a demanda de pessoas que utilizam os modais coletivos, pressionando o precário espaço disponível nos transportes de massa.

Em paralelo as compras realizadas pela internet, aumenta o número de empresas que adotam o home office pelo menos um dia na semana, estimado em 14%, aumento substancial em relação aos 6% verificado em 2013. Na Holanda, 67% das empresas têm políticas formais de trabalho remoto,  A adoção do home office na empresa Ticket permitiu a ela fechar 24 filiais espalhadas pelo Brasil e economizar 3,5 milhões de reais que eram gastos com aluguel e manutenção de equipamentos.

A Gol Linhas Aéreas vem investindo nesse esquema de trabalho num dos setores mais sensíveis de sua operação: o atendimento ao cliente. Em vez de manter grandes estruturas de call center, a empresa tem contratado funcionários para desempenhar essa função diretamente de casa. Com velocidade 5G e utilização de vídeo conferências, a infovia será cada vez mais utilizada para se realizar reuniões, consultas médicas, terapias psicológicas, etc...

Somando-se os aspectos considerados, não seria despropósito se acreditar que daqui a 30 anos a fluidez do trânsito será bem melhor do que ocorre no presente, em que pese à expansão demográfica e urbana e o crescimento da frota de veículos, devido mais ao aumento da presença da internet no cotidiano das pessoas, do que em decorrência das insuficientes obras de expansão dos meios de transporte de massa.

A internet está deixando de ser apenas meio de acesso as informações, comunicação ou lazer para ser, também, um modal logístico de transporte virtual de massa, em complemento aos trens, metrô e VLT, dando novo sentido ao termo navegar na internet.

E aí, vai de táxi ou internet? 


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Alô, Alô Israel, Aquele Abraço

Chacrinha não balança mais a pança,
mas o Tropicalismo continua vivo
Um manifesto que reuniu 10.000 assinaturas foi encaminhado aos cantores Gilberto Gil e Caetano Veloso para que não se apresentem em Israel no final de julho, sob a alegação que tocar neste país “significa endossar políticas e práticas racistas, coloniais e de apartheid-ilegais sob o direito internacional e que na guerra do Hamas contra Israel mais de dois mil palestinas e palestinos foram mortos, incluindo mais 500 crianças”.

Apesar da intensa mobilização nas redes para que cancele sua apresentação ao lado de Caetano Veloso em Tel Aviv, Gil disse que manterá o show e que tocará em Israel.

O posicionamento destas pessoas ou grupos é altamente questionável devido aos seguintes aspectos:
1-   A invasão a Gaza pelo exército de Israel só começou após o Hamas lançar centenas de mísseis contra as cidades e cidadãos israelenses, mas isto não é levado em consideração pelos “formadores de opinião;

2-   Que país aceitaria ficar imóvel e não reagir se o seu território fosse atacado por um país vizinho, mas isto também não é levado em consideração;

3-   Antes de atacar os alvos militares que estavam escamoteados no meio das cidades, mesquitas, escolas, asilos e hospitais, o exército israelense avisava que ia atacar, ligava para a casa das pessoas e jogava panfletos dos aviões informando do ataque. Não se tem notícia que um país tenha avisado para o exército inimigo a data e hora do ataque, jogando pela janela o elemento surpresa.

4-   Por acaso os países árabes e ocidentais avisam para a população das cidades ocupadas pelo Estado Islâmico à data e hora que irão atacar? Certamente não, e os bombardeios já devem ter matado milhares de crianças e mulheres.  Mas isto, obviamente, também é detalhe;

5-   Existem diversas provas que o Hamas forçou a população a ficar nos locais onde esconderam seus armamentos pesados, hospitais, mesquitas, escolas e onde também montaram os seus QGs.

6-   Os líderes do Hamas utilizaram as mortes decorrentes do escudo humano como instrumento de propaganda a favor dos palestinos e para minar a imagem de Israel, colocando os judeus como algoz de crianças e mulheres, o mote era quanto mais mortes de civis melhor para a causa palestina. Se duvidar disto “perca” 43 segundos do seu tempo e assista um vídeo de 2014 onde Fathi Hammad, então membro do conselho legislativo na Faixa de Gaza e atual ministro do interior do Hamas, confirma a estratégia para se usar mulheres, idosos e crianças como escudos-humanos e diz que os árabes-palestinos "desejam a morte assim como" os judeus "desejam a vida". Veja aqui: https://youtu.be/7RZ2xFcnHiw

7-   O povo judeu está no território onde hoje é Israel há pelo menos 4.000 anos. Os portugueses chegaram ao Brasil há 500 anos dizimaram os índios e ocupou o território, o mesmo é válido para os demais países da América Latina, só que o protagonista foi a Espanha e, na mesma época, os ingleses ocuparam os EUA. Parte da Ucrânia é ocupada por tropas russas, centenas de milhares de Curdos foram assassinados pela Turquia, etc....e la nave vá, mas para intelectualidade e  a esquerda sectária os imperialistas são os "judeus sionistas".

 Em contraponto a postura firme e elogiosa de Gilberto Gil de não se dobrar a pressão inconsequente daqueles que desejam que não se apresente em Israel, tem-se as despropositadas declarações dadas por ele na entrevista concedida ao Estadão:

a-     “Uma das coisas que digo sempre é que, para mim [o problema é] o próprio fato da escolha do povo israelense de manter ali seu Estado depois da Segunda Guerra, de não ter aceito uma oferta para fazer o Estado de Israel em outra região para evitar esses problemas de território (…) (parece que desconhece que há 4.000 anos os judeus estão estabelecidos na região, contando com ligação emocional, espiritual e histórica com aquele pequeno pedaço de terra formado por desertos, sem bacia hidrográfica e, ainda por cima, quase não chove).

b-   Há também minha posição contrária à ocupação das terras [por parte de Israel] e à construção do muro [o Muro da Cisjordânia, também conhecido como Cerca da Separação]“, argumentou. (aparentemente ignora o número de mortos e feridos antes e depois de se criar um muro de segurança, ele salvou centenas de vidas).

c-    Que irá tocar “em Israel para um Israel palestino”!! (sem comentários)

As declarações do músico devem ser relativizadas e vistas dentro do contexto da filosofia anárquica do Tropicalismo, que, parece, continua a correr nas suas veias. Tropicalisticamente faria sentido ele não se apresentar mais no Brasil em protesto contra a elevada corrupção e  o número de homicídios e assassinatos de crianças e adolescentes, um dos maiores do planeta, superior a diversos conflitos armados que acontecem no mundo e o Brasil não se encontra, oficialmente, em guerra civil.

Devido ao caráter monotemático do protesto das esquerdas-  os sionistas (e não os alquimistas), estão chegando -  este blog apresenta sugestão de pauta para a realização de novas e pertinentes petições. A primeira sugestão seria se fazer um manifesto contra o tratamento dado as mulheres islâmicas nos países árabes, https://youtu.be/znjAbuDkzdw, mas, se preferirem, pode ser em apoio às mulheres Yazidis que são violentadas pelos sunitas do Estado Islâmico, https://youtu.be/6Hmj5HXbTH0 ou contra o assassinato de gays pelos jihadistas, ou em outra frente, protestar contra a ocupação da Ucrânia pela Rússia e o regime totalitário venezuelano.

Se quiserem uma boa causa no sudeste asiático poderão canalizar suas energias para apoiar os 1,3 milhão muçulmanos da etnia Rohingya que vivem há várias gerações no Myanmar como apátridas e são perseguidos  pelo exército e por budistas extremistas, sendo rejeitados pelos países vizinhos como a Indonésia, Tailândia e Malásia. Outra opção seria fazer abaixo assinados contra as diversas ditaduras e grupos terroristas africanos que roubam e oprimem a população miserável, assassinado crianças, mulheres e idosos. 

Deve existir pelo menos umas 50 boas causas humanitárias para se fazer campanhas na internet ou nas ruas, mas os (de)formadores de opinião vivem numa bolha anti sionista e sob este manto ficam a vontade para destilar, sem culpa, o seu antissemitismo.



quarta-feira, 3 de junho de 2015

Crise na Igreja

Fiel paga dízimo mas quer milagre forte
A reunião convocadas às pressas só tinha uma única pauta, discutir as causas que estavam levando a Igreja Senhor da Redenção do Vigésimo Oitavo Dia perder participação no mercado, com reflexos negativos no seu caixa ( esclarecimento: ela é do vigésimo oitavo dia porque era o primeiro número disponível, do 1 ao 27 já estava ocupado). No último ano a sua receita caiu 57% em relação ao ano anterior, havendo também decréscimo do número de fieis presentes aos cultos, queda de 48%. Para complicar, os custos subiram 29%, o que fez a Igreja encerrar o exercício com prejuízo de 17% sobre o patrimônio líquido. Em dezoito anos era a primeira vez que isto acontecia.

Assessorado por um profissional de marketing que saiu da TV Globo depois de aderir ao Plano de Demissão Quase Voluntária -“ou adere ou é mandado embora”, o Pastor criou um grupo de discussão composto por dez fieis, a maioria mulheres, de diversos estratos sociais para fazer uma avaliação sobre a atuação da Igreja, descobrir o que estava errado, as aspirações dos fieis e, com base nisso, o que deveria mudar ou melhorar. A criação do grupo foi sugerido pelo marqueteiro inspirado nos existentes na Globo para discutir as novelas.

- Vamos direto ao assunto, gostaria que o grupo de fieis aqui presente desse a sua opinião sobre o que levou nossas ovelhas a abandonar a igreja e debandar para a concorrência, o que estamos fazendo de errado? O que deve ser realizado para aumentar o número de fieis e faturamento, falou o Pastor com o semblante tenso.

Dona Lourdes, representante das donas de casa, no seu crachá estava escrito Classe C, moradora da Pavuna  e que ia à igreja todo dia, foi a primeira a falar.
- Pastor eu acho que o sermão é importante, principalmente quando o fiel não entende nada, ele acha que aquelas frases incompreensíveis ditas de forma firme, irá curá-lo ou ajudará a obter a graça desejada. Mas o que o povão gosta mesmo, e faz a sua cabeça, é de milagres. Depois que nossa igreja achou que estava muito apelativo fazer cego enxergar, porque podia atrapalhar para se atingir um público mais culto e abonado, parte dos fieis debandou para as igrejas concorrentes que oferece diversos pacotes espirituais pelo mesmo dízimo e, para piorar, o pessoal da grana não apareceu, 

Dona Josefa – crachá classe D, operadora de telemarketing, falou: concordo plenamente, nós gostamos de tudo que tem final feliz e que a gente pode ver, que é o caso dos milagres que aconteciam no palco. Agora são poucos e muito mixurucas, como curar alergia, a pessoa sobe no palco espirrando e depois de receber a benção para de espirrar. Isto é legal, mas é muito pouco. Sentimos falta de ver pessoas desenganadas a beira do leito da morte sair curada.

Maria Rita da Tijuca, crachá classe B, vendedora da Avon, foi incisiva, disse que a igreja deveria voltar a dar benção para curar os gays, ela tinha parado com a prática devido à reação dos intelectuais e da imprensa. Vocês deviam esquecer os intelectuais, disse, eles são todos comunistas e ateus, não vão à igreja de jeito nenhum, nem mesmo se Fidel Castro virar Pastor. Assim não ganhamos a simpatia deles e perdemos a frequência das mães e esposas que no fundo desejam que o filho ou marido deixem de ser gays. Desconfie das mães que diz que entende e apoia a inclinação sexual do filho ou filha. Se alguém falar que existe um elixir que possibilita fazer os gays retornar a inclinação sexual registrada na certidão de nascimento, possivelmente as mães e esposas irão colocar o líquido na água deles. Como isto não existe, o jeito é apoiar a escolha sexual feita pelos rebentos e companheiros e aproveitar para posar de mulher moderna.

Nisto Alfredo, auxiliar de contabilidade, crachá classe C, atualmente trabalha no jogo do bicho como anotador de apostas, pede a palavra. Ele diz que com a crise o pessoal ficou sem dinheiro e muitos fugiram da Igreja com vergonha de não poder dar o dízimo. Assim propõe que ele seja igual a 6%, uma redução de 40% sobre o valor original, este seria o Plano Básico, que daria direito a saúde e emprego. Se der 8% ele passa para a Plano Prata, que oferece, adicionalmente, proteção contra mal olhado. Por último teremos o Plano Diamante, que é o verdadeiro dízimo de 10%, ele daria direito a tudo oferecido pelos demais, e ainda proporcionaria felicidade no relacionamento amoroso e familiar, incluindo trazer de volta a pessoa amada.  

O Pastor lançou um olhar para o profissional de marketing fazendo gestos para que desse a sua opinião. Depois de ficar alguns segundo pensativo olhando para o vazio, começou a discorrer:

- A grande pergunta a ser feita é como aumentar o market share da Igreja? A resposta passa pela seguinte questão: qual é target que se pretende atingir? Os pastores estão focados no core business? Aliás, qual é o nosso core business? Teremos que fazer um downsizing para reduzir despesas ou iremos optar pelo outpleacment qualificando os menos produtivos? Ou ainda, de forma mais drástica, lançaremos mão do turnaround e partiremos para o entrepeneurship? Sugiro que se faça um business plan com foco na reengeneering, e, em paralelo, fazer um job rotations entre os pastores e contratar um Chief Excutive Offier – CEO para coordenar o processo de reposicionamento da igreja no mercado, sem esquecer de se fazer benchmarking com as mais exitosas e, em paralelo, colocar um coach para ajudar a requalificar os pastores menos produtivos.

Quando terminou fez-se um silêncio profundo, o Pastor concluiu que aquele cara era caso perdido, não havia remédio e milagre que o salvasse. Olhou para os seguranças, fez uma aceno e, ato seguinte, quatro “armários” tiraram o marqueteiro do recinto, colocando-o para fora a força.

Não sei como acabou a estória e nem se o pastor colocou em prática as propostas sugeridas pelo fieis, mas a certeza que fica é que nem as igrejas estão passando ilesas do primeiro desgoverno Dilma e do ajuste fiscal, a maré tá braba para elas, e não duvido nada se amanhã as Igrejas da Graça (de 1 a 28) não venham incluir trechos e divindades do budismo, hinduísmo e do hare krishna (o judaísmo já está lá) para atrair as pessoas insatisfeitas com estas religiões.