quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O HEADHUNTER DO PARTIDO DOS TRABALHADORES

Um dos pre requisito para ocupar o cargo
é saber gerenciar a mala
A Operação Lava Jato desnudou como funciona o processo de nomeação dos dirigentes das estatais no governo PT. A seleção inicial para as centenas de cargos disponíveis era feita pelo “headhunter” Sílvio Pereira, o Silvinho, Secretário Geral do PT, (aquele que recebeu de presente um Land Rover de uma empreiteira, uma espécie de pixuland), responsável pela área de RH-Recursos Humanos voltada para aumentar os recursos financeiros do PT.Um delator informou que era ele que fazia as entrevistas de avaliação para os cargos de direção das estatais, como aconteceu com Paulo Duque.

Após ser entrevistado, Duque recebeu parecer favorável de Silvinho,  que encaminhou a indicação a direção do PT. Após análise das suas qualificações e, principalmente, da sua disposição de contribuir (duplo sentido) com o projeto político do Partido,  o Comitê Central homologou o seu nome. Segundo informações a entrevista que Silvinho fez com Duque ocorreu mais ou menos assim:

- Nome

- Paulo Duque.

- Foi indicado para qual cargo, deixa eu ver no computador. Superintendente do SUS da Paraíba, este é para o PROS, Diretor do INSS do Paraná, não, Diretor do Hospital de Bonsucesso no Rio, este é do PC do B, diretor de administração do Fundo de Pensão dos Correios, também não, é da cota do PMDB.

- Eu sou engenheiro, não entendo nada disso, vim aqui para...

- Cara, você é muito detalhista, tem que aprender com os sindicalistas do PT, eles são polivalentes, por isso se consideram aptos para ocupar qualquer cargo nas estatais. Eles veem isto como missão e nunca fogem delas. Se o companheiro é bancário, mas for destacado para ocupar a diretoria técnica da Agência Nacional de Petróleo ou ser Superintendente da Usina Nuclear, ele encara sem reclamar.  Ah, achei aqui o seu nome, você foi indicado pelo companheiro Dirceu para a Petrobras, belo padrinho, mas só isto não resolve, fale um pouco de você.

 -Sou engenheiro concursado da Petrobras com grande experiência na área de petróleo, dutos, exploração e prospecção. Supervisionei as obras do parque de tancagem do TEBIG, TEMADRE e...

- Para, porra, isto não interessa, quero saber se, caso venha ocupar a Diretoria, está disposto a colaborar com o Partido.

- Com certeza, se necessário, irei me filiar a ele, nas horas vagas farei campanha para os seus candidatos e integrarei o comitê técnico para elaborar a proposta de governo na área de petróleo e gás.

Silvinho fitou Duque e depois de uns segundos disparou:

- Duque preste atenção no que vou falar. Não estamos procurando ninguém para fazer campanha eleitoral, nem ajudar na elaboração do programa do partido, para isto temos milhares de voluntários que acreditam na pureza e ideal do PT. Nossos militantes são compostos por operários, universitários professores, pesquisadores, funcionários públicos entidades de esquerda, todos sabem que somos contra a corrupção e as oligarquias de direita, e eles tem razão, nada que vem da direita é bom. Mas se eu precisar elaborar um programa para a área de nanotecnologia, deve ter dezenas de especialistas filiados ou simpatizantes do PT para fazer isto, você seria apenas mais um, entende?

Parou de falar, respirou fundo parecia que estava escolhendo as palavras e continuou: 
- Não é este o perfil de candidato que procuramos, na verdade ele nem precisa entender da atividade técnica para a qual foi designado, para isso existem assessores, embora você conheça a área. Estamos atrás de profissionais que ocupando um cargo técnico por onde passam bilhões de dólares, seja safo o suficiente para ajudar o Partido na área financeira para, com isso, contribuir para o companheiro Lula consolidar a revolução de esquerda voltada para a classe trabalhadora, mas usando os métodos da direita, que comprovadamente, são mais eficientes.

- Você está me dizendo que irão usar as práticas utilizadas pela direita reacionária para fazer a revolução em prol dos trabalhadores?

- Não temos muitas alternativas, somos obrigados a usar os métodos nefastos da direita conservadora e entreguista para se atingir os fins, que são nobres, o que  irá ajudar à médio prazo a romper os grilhões que impede a classe obreira se libertar do jugo do imperialismo americano.

- Ok, e o que devo fazer para contribuir para este projeto político?

- Ajudar a roubar o dinheiro das empreiteiras capitalistas e oligárquicas. 

- Como assim, reagiu surpreso.

- Simples, elas ganham muito dinheiro fazendo obras. De onde vem o dinheiro destes projetos? Do imposto pago pelo trabalhador. Assim, subtrair um percentual do que ganham irá fazer com que parte do dinheiro retorne e seja aplicado em benefício dos trabalhadores. Isto é que diferencia nós deles, os partidos e políticos de direita, como o Maluf que desviou recursos de obras e o dinheiro da propina ganha foi utilizado em proveito próprio e hoje está depositado no exterior.

- Mas o dinheiro irá para o trabalhador ou para o Partido?

- Porra Duque, você deve ser meio obtuso. O nome do nosso Partido não é dos Trabalhadores?  Isto significa que se a grana vier para gente, está indo para os trabalhadores, entendeu, falou com certo desencanto e pena do entrevistado. É obvio que se fizer o serviço direito irá receber uma pequena parte, pois, como te falei, o dinheiro será destinado a ajudar os trabalhadores, e você é o quê? Banqueiro? Empresário? Latifundiário? Não, você é trabalhador, por isso irá receber a sua parte.

- Agora entendi, como é por uma causa nobre, pode contar comigo, se for admitido farei tudo para ajudar o Partido.

Isto aconteceu há 12 anos, todos sabem como a estória se desenrolou  e como irá continuar, mas aqui ela acaba aqui. Morô?

domingo, 20 de setembro de 2015

O Tamanho do Prazer

A preferência identifica a tribo da mulher,
sugere a pesquisa 
Um estudo realizado por universidades da Califórnia, Los Angeles e Novo México, concluiu que o tamanho do pênis é mais relevante para as mulheres quando o sexo é casual. Em relações estáveis o tamanho e espessura do “menino” não são tão importantes para a parceira. A pesquisa revelou que no sexo casual as mulheres preferem pênis com uma média de 16,3 cm de comprimento e 12,7 cm de circunferência. Nos relacionamentos estáveis elas não são tão exigentes, 16 cm de comprimento e 12,2 cm de circunferência tá de bom tamanho.
A pesquisa mostrou que a distância que separa as mulheres que vão para o tudo ou nada com as que estão com o controle remoto do Netflix na mão é de 0,3 cm. Ai você pensa, 0,3% é quase nada, uma bobagem, menos de 2%. Só que para muitas mulheres é quase igual a comer um bolo sem a cereja. Dá para encarar, mas fica a sensação de que falta alguma coisa, o prazer não é total.   
Mas para mim está é uma discussão colateral, na verdade o relevante é o tipo da metodologia utilizada para se chegar aos resultados. Será que selecionaram um grupo de mulheres “matadoras”, explicaram para elas o objetivo da pesquisa e pediram que quando fossem para a noite levasse na bolsa um kit composto de batom, camisinha e fita métrica, e quando o rala rola estivesse no clímax dariam um pause para medir o tamanho e circunferência do dito cujo. Se depois disso o varão não brochasse, dariam sequencia a segunda etapa do estudo, que é avaliar e fazer a correlação entre a intensidade do prazer e o tamanho e a circunferência do bilau cobaia.
Outra questão que me intriga é se elas participaram do projeto de graça, por amor a ciência, ou foram remuneradas. Neste caso o regime de trabalho foi por empreitada global, só recebiam depois de entregar cinco pesquisas, por exemplo, ou ganharam por questionário entregue, sem limite do número de avaliações, quanto maior a produção maior o ganho.  

Será que os cientistas recomendaram para este grupo de pesquisadoras para não fazer cara de decepção e infelicidade se após o "guerreiro" se levantar para o combate constatar que ele não corresponde a expectativa transmitida pela embalagem. Esta recomendação, que muitas não seguiram, tinha em mente minimizar o risco do garanhão  sofrer a síndrome de Transtorno Dismórfico Corporal que acomete homens que acham que o seu companheiro de batalha sofre de nanismo, cujos sintomas são angústia e depressão, aliados a  um profundo complexo de inferioridade. 
O pior para quem sofre de reducionismo é que isto não lhe dá o direito de sentar nos assentos preferenciais do metrô, pois a situação não está enquadrada nos itens previstos para pessoas com necessidades especiais e, mesmo que estivesse, seria difícil comprovar, a não ser que existisse uma carteira específica para quem sofrer deste pequeno problema, só que, presumivelmente, iria gerar situações desagradáveis, as pessoas olhariam para os dismórficos com risos irônicos, sem contar as piadinhas de mau gosto.
No caso das casadas a metodologia da pesquisa deve ter sido mais fácil, pois não precisaram sair de casa. Para levar adiante o estudo bastava dar um pause no seriado Game of Thrones e pedir para o companheiro ir para o quarto assistir um filme pornô no tablet com uma fita métrica na mão enquanto preparava um lanche na cozinha, quando acabasse voltaria para a sala para assistirem juntos, comendo um lanchinho, mais um capítulo. Os coordenadores da pesquisa se basearam no fato de que para a maioria dos casais com bastante tempo de casa, sexo oral era assistir palestras sobre temas ligados a sexualidade. 

Por último, desconfio que numa época de politicamente correto, as universidades americanas que fizeram o estudo poderão ser acusadas pelos movimentos LGBT de adotarem atitude preconceituosa e machista contra os gays que, inexplicavelmente, não foram incluídos no estudo realizado, como se o assunto só fosse do interesse das mulheres. Absurdo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Eu, Robô

Flagrante da bancada ruralista de deputados robôs
ouvindo o pronunciamento do líder da oposição
Estamos no ano de 2025 na inauguração da uma fábrica japonesa na cidade de Limoeiro, no interior do Ceará. O prefeito está exultante com o efeito eleitoral da implantação da indústria no município, ela irá gerar 380 empregos diretos e 750 indiretos. Para atrair a empresa o prefeito concedeu terrenos e incentivo fiscal para ela, mas valeu a pena, pensou. Ou não, pois o que o japa não falou para o alcaide é que 90% dos postos de trabalho serão ocupados por robôs fabricados no Japão.

Ficção? Não, realidade e só ver o já acontece hoje. A consultoria Boston Consulting Group prevê que em 2025 até um quarto dos empregos será substituído por softwares ou robôsUm exemplo é a fábrica que está sendo construída na China na cidade de Dongguan que será operada apenas por robôs, a planta, construída pela Sehnzhen Evenwin Precision Technology, irá reduzir em 90% a força de trabalho composta por 1,8 mil empregos. Desde setembro do ano passado, um total de 505 fábricas em Dongguan investiu o equivalente a R$ 2,6 bilhões na aquisição de robôs, o objetivo é substituir mais de 30 mil operários, segundo o Escritório de Tecnologia de Informação e Economia da cidade.
Os motoristas de táxi vão sentir saudades do Uber quando módulos de táxis automatizados começar a operar nas ruas da cidade de Milton Keynes, na Inglaterra. O governo britânico está atualizando as placas de trânsito para viabilizar o funcionamento dos carros sem motorista.
Num futuro próximo as reportagens não serão mais escritas por jornalistas, eles irão utilizar softwares capazes de coletar dados e transformá-los em textos minimamente compreensíveis. Na área da saúde temos o Watson, um supercomputador da IBM, que está atuando em conjunto com dezenas de hospitais nos Estados Unidos para oferecer recomendações sobre os melhores tratamentos para diversos tipos de câncer.
Barman de carne e osso será lembrança do passado. No futuro teremos bares automatizados a partir da Shakr Makr, uma máquina desenvolvida pelo MIT há alguns anos. As bebidas podem ser pedidas por meio de um tablet e usuários não estão limitados ao menu que recebem à mesa – eles podem, inclusive, criar seu próprio coquetel. O braço robótico mistura o coquetel e o coloca em um copo de plástico (para evitar acidentes). Segundo previsões 30% dos bailarinos serão robôs, que terão facilidades de fazer movimento complexos.

Entretanto prevê-se que a implantação de robôs no Brasil só terá sucesso se incorporar algumas características da localidade onde irá atuar. Na Bahia, por exemplo, eles devem ser preguiçosos e bocejar de 10 em 10 minutos, ao contrário do paulista que será workaholic, em caso de stress ele é mandado à Bahia para trabalhar durante um mês ao lado de um robô local. Os destinados às universidades públicas deverão entrar em greve todo ano e ficar sem dar aula por pelo menos quatro meses, se isto não acontecer os alunos irão estranhar e o rendimento cai. 

Nesta linha pode-se imaginar  robôs atuando como jogadores de vôlei, basquete e futebol, com o detalhe que os jogadores  do Botafogo e Vasco seriam feitos com material de segunda, muito mais barato e que atende perfeitamente as exigências da segundona. 

Não se descarta a possibilidade deles trabalharem como deputados. Isto mesmo, no futuro os robôs, até pelo seu próprio nome (robô, entendeu?), irá ocupar o lugar dos deputados, e sua atuação será igual a deles, que é prometer e não cumprir, dependendo da conveniência pessoal irá atacar ferozmente ou apoiar incondicionalmente o governador, que também será um robô, irá elaborar projetos de leis irrelevantes e conceder medalhas para pessoas insignificantes, mas importantes para a sua reeleição, ou seja, ninguém irá perceber que eles são robôs, tal a sua semelhança com o deputado humano.

Uma Assembleia Legislativa robotizada irá propiciar uma economia de R$900 milhões por ano aos cofres públicos e, importante, não será nada diferente da antiga em termo de relevância e utilidade pública, além de não precisar de frota de carro para levar os deputados para o trabalho, quando acabar a sessão eles se dirigem ao almoxarifado e ficam lá aguardando a plenária do dia seguinte. A esta economia deve se acrescentar a eliminação dos gastos com café e açúcar.

Pode-se imaginar que no futuro teremos Big Brother de robôs, a única dificuldade seria eliminar algum através de prova de resistência, todos podem ficar em pé um ano ou plantar bananeira durante três anos ininterruptamente. Os tecnólogos deverão pensar numa variedade gay de robôs para participar do reality e também trabalhar em novelas. As "roboas" do BBB seriam feitas de silicone para ficarem fieis as suas congeneres humanoides turbinadas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Alice no País da Magistratura, Que Maravilha

Alice inveja Branca de Neve que
 é amiguinha dos anões do orçamento
Num cenário político composto por corrupção, pedaladas fiscais e aparelhamento sindical e ideológico do estado, um fato que passa despercebido, mas que também contribui para a insolvência financeira do país, é a postura da elite chapa branca frente à crise econômica e política vivida pelo Brasil.

As suas ações, reivindicações e contradições beiram a raia do absurdo, aparentemente vive num país que não está em crise e pode bancar altos salários e mordomias. Certamente sabe que não mora numa nação rica e sem maiores problemas, como a Suécia, pois se estivesse lá não contaria com grande parte das vantagens que desfruta aqui. Assim, diante da sinecura existente, tem certeza que vive no Brasil, país povoado por uma elite chapa branca cuja ação se pauta no binômio “Isonomia e Mordomia”.

Um exemplo desta falta de bom senso é o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A economia do país e do estado está derretendo e, no entanto, você acha que ele está preocupado com este “detalhe”? Certamente não, pois recentemente anunciou que vai trocar 311 veículos, a maioria modelo Passat, por 246 Jettas zero Km para atender juízes e desembargadores, o que irá custar R$ 23,8 milhões.  De acordo com o TJ, a renovação dos carros trará uma economia de R$ 9,4 milhões aos cofres públicos, porque o Passat custa, em média, R$ 135 mil e o valor do Jetta é de aproximadamente R$ 96 mil.

O Tribunal foi modesto, a “economia” seria bem maior se a comparação fosse feita com um Mercedes Classe C, assim poderia dizer “pensamos em comprá-lo, mas como estamos num momento de austeridade, partimos para um carro mais simples, o que nos permitiu economizar R$30 milhões”.

O presidente do TJ informa que os carros não serão utilizados para passeio ou viagem, o que deixou todos aliviado, inicialmente pensou-se que era para ir à praia. Ele acrescenta dizendo que a renovação da frota baseia-se na Instrução Normativa 162/1998 da Secretaria da Receita Federal que estima em cinco anos a vida útil dos carros de passageiros, isto foi à bala de prata que me convenceu da pertinência da medida.  

Como, pelo visto, sua excelência é um fiel cumpridor da lei e faz tudo para atender as normas e regulamentações, convém lembrar a ele que o Art. 227 da Constituição Federal diz que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Mas, como isto naturalmente já ocorre, afinal se não se pode contrariar uma Instrução Normativa, o que dirá a Constituição, nada mais natural do que o TJ se preocupar com a renovação da sua frota de veículos, até porque o dinheiro está sobrando nos cofres do governo do estado, sem contar que o contribuinte fica feliz em saber que os magistrados contam com transporte de boa categoria e não são obrigados a realizar o mesmo que ele, que é ir para o trabalho por sua conta e risco, qualificação que engloba todos que utilizam trens e ônibus lotados e mal conservados. O contribuinte ficaria indignado se souber que os magistrados estão indo para o Tribunal de metrô ou nos seus carros particulares, pois isto tiraria a sua credibilidade para julgar com isenção, eles tem que manter uma postura superior de forma remeter a sua imagem ao patamar da semidivindade.

Mas suas excelências merecem bem mais do que carros zero Km, não é justo que passem por constrangimento financeiro, e como magistrado sabe mais do que ninguém o que é justo, ele criou o Bolsa Legal cuja cesta básica é composta dos seguintes itens: auxilio moradia de R$4.700,00, auxílio-creche de R$ 854,00 por filho até 6 anos, auxílio-educação de R$ 953,00 por filho até 24 anos (na faculdade), auxílio alimentação, academia de ginástica, 180 dias de licença-maternidade (padrão) mais 90 de aleitamento, recebimento de três a cinco salários mínimos por adoção até o filho ter 24 anos, e dois meses de férias anuais, mais um recesso de 14 a 30  dias porque ninguém é de ferro, eles merecem descansar. Devido à austeridade, a Bolsa  não  conta com farinha de mandioca e lata de sardinha.

Utilizou-se o TJ do Rio como exemplo do apagão moral que acomete as elites oficiais quando o assunto é promover vantagens e benefícios próprios, mas esta postura não é muito diferente do que acontece nos tribunais superiores, no Senado, que por sinal acabou de trocar a sua frota de veículos, Ministério Público, Câmaras dos Deputados e Vereadores e Assembleias Legislativas. A cultura corporativista, na definição mais cruel do que isto pode representar, é a mesma em todos eles, parece que não fazem parte de um país que está afundando devido a problemas econômicos e financeiros. Para eles pouco importa, com crise ou sem, o deles está garantido, não temem acordar desempregados, ter a jornada de trabalho e salário reduzidos ou ficar em regime de layoff, tudo que recebem tem amparo legal, nada é fora da lei ou do figurino.

Fica a indagação: será que os magistrados se sentirão moralmente em condição de julgar uma ação sobre correção das aposentadorias que vá contra os interesses dos aposentados, mesmo que existam fundamentos técnicos para tal? Nesta mesma linha, qual a condição moral que conta os senadores e deputados para legislar pela ampliação do tempo de aposentadoria, que atuarialmente até pode se se justificar, se eles próprios se aposentam com reduzido tempo de mandato parlamentar?   

A resposta é que por razões obvias todos os juízes deveriam se considerar impedidos  para proferir sentença nesta área e, quem sabe, remeter a matéria para um tribunal sueco, mas no Brasil condição moral é mercadoria de segunda, não tem muita saída, está encalhada. 

E assim, la nave vá calmamente em direção ao fundo do mar, sendo esta, atualmente, a maneira que o Brasil encontrou para sair do poço.