domingo, 10 de agosto de 2014

ADEUS FACEBOOK

. Onde foram parar meus amigos?
Alguns já devem saber que fui obrigado a sair do Facebook devido a um problema de vírus que, segundo apurei, é mais letal que a hepatite C e o ebola. Juntos. Estudos recentes feitos com pessoas que foram obrigadas a sair do site indicam que elas passaram a ter tremedeiras, síndrome do pânico e depressão profunda, fruto da abstinência facebuquiana.

Estou apreensivo, temo que não tenha suficiente estrutura psicológica para superar este baque. Ouvi dizer que quem abandona a página vira alma penada, fica isolado, perde a identidade e deixa de compartilhar com a sua antiga rede de relacionamento, conhecida como amigos, coisas importantes que todos querem saber, como o que comeu no restaurante, a sua imagem na Disney com o chapéu do pateta, mostrar que é uma pessoa feliz, mesmo engarrafado indo para o trabalho irá mandar uma foto rindo com um comentário tipo “Genteeee olha eu de novo engarrafado e não é na bebida kkkkk,” receberá de volta comentários originais tipo kkkkk-, é uma pessoa de bem com a vida, o 7x1 nunca existiu para você, tem certeza que é boato espalhado pelos despeitados que estão fora do Face.

Certamente também não vai perder a oportunidade de mandar fotos remando no lago de São Lourenço, viagem classificada como “segunda lua de mel”, onde aparece comendo feliz uma pamonha junto com a  consorte ou então enviar outra malhando na academia para mostrar que também está preocupado em manter a forma, o que certamente, irá bombar junto aos “amigos’ (ops, as aspas foi ato falho) e, esta é um clássico no Face, irá enviar selfies com junto com o neto "a criança mais fofinha do mundo”. A vida dentro do site é maravilhosa, não existem problemas, tudo é tão divertido que as pessoas nunca deveriam sair de lá, deviam “morar” nele.

Este turbilhão de lembranças me vem à mente de forma assustadora, pois como não estou mais no Face, não tenho mais amigos para compartilhar a minha vida, serei obrigado a manter privacidade e isto me desespera. Agora a minha única opção para matar as saudades dos tempos de Face será imprimir minhas fotos para mostrar para o porteiro do prédio e pedir para escrever um comentário no pé da foto.

E no dia do meu aniversário quem vai me dar parabéns? Será que irei passar sozinho e ignorado no dia mais importante da minha vida matutando onde foram parar os meus 5.285 amigos. Só de pensar nisso começo a tremer.

No Face eu era popular, todos me curtiam, aqui fora sou um zero a esquerda, ou melhor, um poste, só cachorro presta atenção em mim e, se bobear, pensando em dar uma mijadinha no poste.

Por precaução já me inscrevi num grupo de ajuda denominado FA- Facecóolicos Anônimos. Na primeira palestra me ensinaram como ter relacionamento social fora da internet, coisa que não sei mais como é. Ir a festas, encontrar pessoas num bar, reunião de condomínio, ir à piscina do clube ou, em caso extremo, velório também vale, foram alguns dos programas sugeridos, mas que são atividades estranhas para mim acostumado a encontrar rapidamente todos no Face. Como isso não precisava sair de casa, pegar engarrafamento, pagar flanelinha, gastar grana para encontrar apenas três amigos, parece que é assim que eles são designados, o termo deve ter sido copiado do Face. Eu nunca ficava sozinho, se tivesse insônia podia encontrar alguém às 4 horas da matina. E agora o que faço, telefono para alguém, é assim que se faz?

Estou desesperado com a nova vida cujos hábitos são coisas estranhas, oriundas do século passado. Ajude-me, não me deixe só, como não tenho mais Face, no dia do meu aniversário mande um telegrama para mim ou, se quiser me curtir, deposite uma grana na minha conta que também considerarei sinal de apreço.

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