quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Eu, Robô

Flagrante da bancada ruralista de deputados robôs
ouvindo o pronunciamento do líder da oposição
Estamos no ano de 2025 na inauguração da uma fábrica japonesa na cidade de Limoeiro, no interior do Ceará. O prefeito está exultante com o efeito eleitoral da implantação da indústria no município, ela irá gerar 380 empregos diretos e 750 indiretos. Para atrair a empresa o prefeito concedeu terrenos e incentivo fiscal para ela, mas valeu a pena, pensou. Ou não, pois o que o japa não falou para o alcaide é que 90% dos postos de trabalho serão ocupados por robôs fabricados no Japão.

Ficção? Não, realidade e só ver o já acontece hoje. A consultoria Boston Consulting Group prevê que em 2025 até um quarto dos empregos será substituído por softwares ou robôsUm exemplo é a fábrica que está sendo construída na China na cidade de Dongguan que será operada apenas por robôs, a planta, construída pela Sehnzhen Evenwin Precision Technology, irá reduzir em 90% a força de trabalho composta por 1,8 mil empregos. Desde setembro do ano passado, um total de 505 fábricas em Dongguan investiu o equivalente a R$ 2,6 bilhões na aquisição de robôs, o objetivo é substituir mais de 30 mil operários, segundo o Escritório de Tecnologia de Informação e Economia da cidade.
Os motoristas de táxi vão sentir saudades do Uber quando módulos de táxis automatizados começar a operar nas ruas da cidade de Milton Keynes, na Inglaterra. O governo britânico está atualizando as placas de trânsito para viabilizar o funcionamento dos carros sem motorista.
Num futuro próximo as reportagens não serão mais escritas por jornalistas, eles irão utilizar softwares capazes de coletar dados e transformá-los em textos minimamente compreensíveis. Na área da saúde temos o Watson, um supercomputador da IBM, que está atuando em conjunto com dezenas de hospitais nos Estados Unidos para oferecer recomendações sobre os melhores tratamentos para diversos tipos de câncer.
Barman de carne e osso será lembrança do passado. No futuro teremos bares automatizados a partir da Shakr Makr, uma máquina desenvolvida pelo MIT há alguns anos. As bebidas podem ser pedidas por meio de um tablet e usuários não estão limitados ao menu que recebem à mesa – eles podem, inclusive, criar seu próprio coquetel. O braço robótico mistura o coquetel e o coloca em um copo de plástico (para evitar acidentes). Segundo previsões 30% dos bailarinos serão robôs, que terão facilidades de fazer movimento complexos.

Entretanto prevê-se que a implantação de robôs no Brasil só terá sucesso se incorporar algumas características da localidade onde irá atuar. Na Bahia, por exemplo, eles devem ser preguiçosos e bocejar de 10 em 10 minutos, ao contrário do paulista que será workaholic, em caso de stress ele é mandado à Bahia para trabalhar durante um mês ao lado de um robô local. Os destinados às universidades públicas deverão entrar em greve todo ano e ficar sem dar aula por pelo menos quatro meses, se isto não acontecer os alunos irão estranhar e o rendimento cai. 

Nesta linha pode-se imaginar  robôs atuando como jogadores de vôlei, basquete e futebol, com o detalhe que os jogadores  do Botafogo e Vasco seriam feitos com material de segunda, muito mais barato e que atende perfeitamente as exigências da segundona. 

Não se descarta a possibilidade deles trabalharem como deputados. Isto mesmo, no futuro os robôs, até pelo seu próprio nome (robô, entendeu?), irá ocupar o lugar dos deputados, e sua atuação será igual a deles, que é prometer e não cumprir, dependendo da conveniência pessoal irá atacar ferozmente ou apoiar incondicionalmente o governador, que também será um robô, irá elaborar projetos de leis irrelevantes e conceder medalhas para pessoas insignificantes, mas importantes para a sua reeleição, ou seja, ninguém irá perceber que eles são robôs, tal a sua semelhança com o deputado humano.

Uma Assembleia Legislativa robotizada irá propiciar uma economia de R$900 milhões por ano aos cofres públicos e, importante, não será nada diferente da antiga em termo de relevância e utilidade pública, além de não precisar de frota de carro para levar os deputados para o trabalho, quando acabar a sessão eles se dirigem ao almoxarifado e ficam lá aguardando a plenária do dia seguinte. A esta economia deve se acrescentar a eliminação dos gastos com café e açúcar.

Pode-se imaginar que no futuro teremos Big Brother de robôs, a única dificuldade seria eliminar algum através de prova de resistência, todos podem ficar em pé um ano ou plantar bananeira durante três anos ininterruptamente. Os tecnólogos deverão pensar numa variedade gay de robôs para participar do reality e também trabalhar em novelas. As "roboas" do BBB seriam feitas de silicone para ficarem fieis as suas congeneres humanoides turbinadas.

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