sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Brasil, Um País Bipolar

Baixo IDH + má distribuição de renda +
+ corrupção = imagem da foto
Brasileiro frente aos problemas do país
 é semelhante ao  manequim: tá nem aí
Estava andando na rua quando vi em frente ao Campo de Santana um adolescente jogado no meio da calçada, retratado na foto aí ao lado, totalmente chapado. Eram 13.00h o sol batia no seu corpo e a temperatura era muito elevada, devia estar com fome e drogado, a imagem era forte, mesmo para quem está acostumado a ver pessoas dormindo na rua, cena normal no Rio de Janeiro.

Continuei a caminhada impactado pela imagem e mais adiante vi uma loja com dezenas de manequins expostos à venda, pareciam seres meio robóticos saídos de um filme de ficção científica. Como todo bom manequim estavam imóveis, “vendo” a vida passar na sua frente, se acontecesse um tsunami,´ficariam indiferentes, não esboçariam nenhuma reação. Não sei por que, mas fotografei os manequins.

Quando cheguei em casa, ainda impactado pela cena vista horas antes, um pensamento me veio à mente, aquelas duas imagens, o adolescente largado e os manequins expostos na loja, representam a atual realidade do país, de um lado a injustiça social e a população marginalizada, do outro a imobilidade do brasileiro de desenvolver ações objetivas para pressionar as autoridades governamentais e parlamentares para atuar de forma ética e honesta em prol dos interesses da coletividade. Um manequim "agiria" de forma semelhante.

O adolescente prostrado na sarjeta sem esperança e perspectiva é o epílogo trágico e análogo de milhares histórias que se repetem diariamente em todos os municípios do país, que  em comum apresentam o mesmo pano de fundo: a corrupção.  Considerando o superfaturamento e propinas pagas pelas empreiteiras nas obras e serviços públicos prestados para os governos federal, estaduais e municipais, estima-se que  R$250 bilhões são desviados anualmente dos cofres públicos.

Para para que este panorama tenha, á médio prazo, chances de mudar, é fundamental que o governante se sinta pressionado e fiscalizado pela sociedade. Para obrigá-lo a fazer uma gestão minimamente aceitável ele tem que sentir que a margem para armar esquemas é reduzida, que poderão ser descobertos, mesmo que não tenham vocação, será obrigados a ser, compulsoriamente, honesto.Talvez, quem sabe, acabem se tornando no futuro compulsivamente honestos, não devemos perder a esperança. 

O ativismo da sociedade, acima sugerido,  raramente acontece, pois a  preocupação do cidadão é com as coisas do dia a dia que lhe dizem respeito, ele passa o ano inteiro se lixando com o que governante faz com os recursos públicos, não percebendo que a sua origem é privada, saiu do seu bolso, é dele, o governo apenas o administra, ele deveria se preocupar com o que o governante está fazendo ou deixando de fazer com o seu dinheiro, mas isto não acontece. De repente,  não se sabe como nem por que, saí da letargia e entra num estado eufórico com ímpetos de querer mudar tudo de uma só vez e vai para as ruas para protestar. Estas duas situações extremas sugerem que a cidadania  política do brasileiro é bipolar

Infelizmente muitos destes protestos acabam se transformado em atos de vandalismos praticados por pessoas que não tem nenhum compromisso com as causas sociais, como os cafetões de ideologia que estão entronizados nos partidos e movimentos radicais, vândalos, anarquistas e bandidos que se aproveitam do agito para roubar e saquear.

Diante da violência e da inconsistência e multiplicidade das causas reivindicadas, o cidadão que foi para as ruas para protestar pacificamente perde o tesão e desiste. No fundo os movimentos radicais  ao apelar para a violência e propostas exóticas- “nacionalizar todas as empresas multinacionais” faz o jogo dos políticos, governantes e empresários canalhas, que sabe qual será o resultado da equação que tem as seguintes variáveis: propostas exóticas + vandalismo + multiplicidades de reivindicação = não vai dar em nada.

Como mudar isto? Uma alternativa seria  proceder com se age na área criminal das polícias mais modernas, que é utilizar menos a força e mais inteligência para reduzir a criminalidade. No campo da gestão administrativa  das cidades/estados/país a sociedade deve fiscalizar o governante utilizando a inteligência, leis  e tecnologia, sendo importante o governante saber que a sua gestão e seus procedimentos administrativos estão sendo monitorados, se ele se sentir acuado é por que o processo utilizado está no caminho certo. Sem desconsiderar a importância de se realizar protestos de rua pacíficos e objetivos, a sociedade deve mostrar ao governante que ela está está atenta e fiscalizando a sua administração. 

Um bom exemplo do que estamos falando foi realizado no município de Ribeirão Bonito em São Paulo, quando um grupo de profissionais criou uma organização não governamental denominada Amigos Associados de Ribeirão Bonito (AMARRIBO), movimento voltado para o monitoramento, cobrança e a contestação de atos das autoridades municipais. Como resultado da fiscalização exercida pela Associação, o prefeito acabou renunciando para não ser cassado e hoje responde a diversos processos judiciais.

No curso do processo, os gestores da ONG acumularam conhecimentos a respeito dos mecanismos empregados em fraudes municipais e dos instrumentos que se podem empregar para combatê-las. Este modelo de fiscalização da gestão municipal pode ser visto através do  link abaixo:

http://www.transparencia.org.br/docs/Cartilha.html


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