quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Crimes Ecológicos no Rio de Janeiro

Pão de Açúcar e Corcovado, dois crimes ecológicos
,A cidade do Rio de Janeiro tem sido vítima nas últimas décadas de graves crimes ecológicos, podendo-se listar, dentre outros, os seguintes: Parque (aterro) do Flamengo, bairro da Urca, o calçadão de Copacabana, o Parque dos Patins da Lagoa, rampa de asa delta do Morro da Pedra Bonita, Pão de Açúcar e o Corcovado. Os três últimos foram realizados à custa do desmatamento da mata atlântica e os demais surgiram em função de aterros realizados no mar ou na lagoa. Em comum, além do crime ecológico, o fato de que todos os espaços citados são muito apreciados pela população que não abre mão de ficar sem eles, além de terem se transformado em ícones da imagem do Rio de Janeiro no exterior.


Deve estar surpreso, pois imaginava que fosse mencionar as águas sujas da Baia de Guanabara e das lagoas e a poluição do ar, estes são óbvios, aparecem em todos os rankings ambientais, tem que ser erradicados urgentemente, mas o objetivo é mostrar que nem toda intervenção do homem na natureza deve ser considerada crime ecológico, como mostra os exemplo citado.  

Houve impacto ambiental nestas intervenções urbanas? Certamente que sim, mas a resultante final para a sociedade foi altamente positivo. Hoje dificilmente estes projetos seriam realizados, nenhum deles obteria licença ambiental, sem contar que dezenas de ONGs e formadores de opinião iriam se se posicionar contra o "absurdo" de se colocar uma estátua no topo do Corcovado que é uma área preservada, mesmo sendo a Dele, pois, para tanto, seria necessária a derrubada de centenas de árvores da mata atlântica ou, no caso do Parque do Flamengo, aterrar um trecho da Baia de Guanabara para se construir pistas de rolamento de veículos, o objetivo era este, o parque foi decorrência.

A situação acima exposta vem a propósito do posicionamento recorrente de entidades ou de pessoas com boa formação intelectual, que se colocam sistematicamente contra projetos que são relevantes para a população em termos culturais, de lazer ou geração de empregos, sob a alegação que apresentam impacto ambiental ou, ainda, porque o projeto original não previa a construção de determinado equipamento urbano, caso do Parque do Flamengo, que nos remete ao seguinte exemplo: ele abriga uma área para aeromodelismo que fica ociosa o ano inteiro, mas se alguém sugerir de se dar a ela um fim mais interessante para a comunidade, terá que vencer a cansativa barreira da intransigência pétrea fundamentada no argumento que o projeto original não previa isto, para provar o óbvio. Se for por aí eu não deveria ter escrito estas linhas, nem você estar agora lendo, pois o ser humano não foi contemplado no  projeto original que Deus desenhou para o mundo e, em contra partida, o Dinossauro deveria estar agora pastando em Ipanema.

Sei não, mas depois que se construiu uma pirâmide em frente ao Museu do Louvre, cuja primeira construção foi realizada em 1.190, ou uma roda de gigante - London Eye- no centro histórico de Londres, as cabeças pensantes e influentes do nosso país deveriam, sem perder de vista os aspectos ambientais e históricos, ser mais flexíveis com as intervenções urbanas propostas para a cidade, considerando os benefícios que podem trazer para a população.

Um exemplo concreto disso diz respeito a proposta do projeto de ampliação da Marina da Glória para aumentar o número de  vagas para veleiros, que conta com uma elevada demanda reprimida. Ele não foi aprovado sob as mais diversas alegações, tudo bem, vida que segue, mas desconfio que nenhum projeto será aprovado, a não ser que seja minimalista. Tudo nele foi questionado, até a altura dos mastros das velas, tendo sido alegado que elas iriam emparedar o visual de quem estava no parque. O negócio é aguardar e esperar que se descubra como fazer veleiros sem vela ou Marina em mar aberto a um custo competitivo. 

O fato de não existir nenhuma alternativa locacional para se disponibilizar novas vagas para veleiros no entorno da Bahia de Guanabara, a não ser naquele trecho, é detalhe para os que são do contra. A Nova Zelândia que apresenta alto IDH e grande respeito pelo meio ambiente, tem centenas de marinas que, possivelmente, teriam dificuldades de serem aprovadas no Rio de Janeiro, pois a questão aqui não é mitigar o impacto ambiental e sim, por que no fundo não se quer a expansão da Marina existente.  

Não se está sugerindo que todo e qualquer projeto que apresente benefícios para a sociedade deva ser realizado independente do impacto ambiental ou urbano causado, não se propõe o "liberô geral", e sim que se deve ponderar racionalmente a relação custo ecológico x benefício social, econômico e urbano e a partir daí se decidir se o projeto deve ou não ser realizado. Uma medida neste sentido que poderia ajudar o processo decisório, seria a criação de uma Diretoria do Bom Senso no âmbito dos órgãos ambientais ligados aos governos.

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