sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

E se fosse Cuba e não a Guiné Equatorial?

Qual seria a reação dos intelectuais se o enredo
da  Beija Flor fosse Cuba e não a Guiné Equatorial?
A vitória da Beija Flor no carnaval de 2015 se deu com um enredo que enaltece a Guiné Equatorial, país que vive há 35 anos sob a ditadura corrupta, onde não existe liberdade de imprensa e de opinião, a internet é censurada, as pessoas que fazem oposição  ao regime são perseguidas e o judiciário e legislativo estão, na prática, subordinados ao ditador.

Só para refrescar a sua memória, estou escrevendo sobre a Guiné Equatorial e não sobre Cuba, país que vive há muito mais tempo sob uma ditadura, 52 anos, e, igualmente, veste a carapuça de tudo que foi escrito aí em cima.

Grande parte da imprensa e opinião pública criticou, corretamente, a Beija Flor por ter recebido apoio financeiro de uma ditadura. Embora não fosse intenção da escola, o apoio dado  pelo ditador, que culminou na sua vitória no desfile, contribui para enfraquecer o movimento dos guinenses que fazem oposição a ditadura, pois o campeonato obtido pela agremiação fortalece a imagem do presidente junto a população do país, bem como do seu sucessor, não por acaso seu filho, pois lá vigora o exótico regime presidencialista monárquico, a semelhança do que ocorre em Cuba, cujo reino republicano passou para as mãos do primeiro irmão.

Será que parte da imprensa e intelectuais teria o mesmo posicionamento se a escola de samba de Nilópolis homenageasse Cuba, tecendo loas a Fidel Castro e Che Guevara, evidentemente  patrocinado pela Odebrecht que ganhou um contrato de R$1,5 bilhões (U$600 milhões) para construir o Porto de Mariel em Cuba, financiado pelo BNDES. A grana do patrocínio sairia do caixa (um ou dois?) da empreiteira, em penúltima instância, do BNDES, em última instância do seu bolso. Perdeu playboy.

Tenho certeza que neste caso grande parte dos intelectuais acharia isto normal, afinal a escola de samba estaria enaltecendo um regime “progressista e democrático” que lutou contra os imperialistas americanos. Esta previsão é fácil de se fazer dado o histórico maniqueísta ideológico dos (de)formadores de opinião, que consideram, de uma maneira geral, que todos os países que são contra os EUA é de esquerda e democrático, por mais corrupto e ditatorial que seja o governo. 

Para terminar esta crônica, um final carnavalesco para a previsível exótica situação: O Bloco Intelectual Unidos na Hipocrisia saúda o povo bolivariano e a imprensa  censurada e pede passagem.

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